Toda a gente foi disciplinada, mas alguns precisavam era de pelo menos a disciplina que preferem impingir, porque não se pode amar a pacata ordem sobre todas as coisas. Quando a ordem é pacata, ainda não se subiu todos os degraus da responsabilidade do nosso tempo-espaço e sendo assim, temo que a estratificação social passa claramente pelo rebaixamento e condicionamento típicos de um self-fuck ao conjunto envolvido, mas se então isso for a verdade da época, o equilíbrio reina entre os comprimidos, porque a compressão é uma correspondência roedora da identidade (por ex:o ente A, deixa de aparentar A para passar a ser uma merda qualquer), do potencial. Uma das pessoas que deu identidade a um título de um livro e estudou também a obra de Fernando Pessoa foi José Gil , que dá uma entrevista este fim de semana ao Correio da Manhã.
Ainda a propósito da entrevista de José Gil, apesar da queda do projecto do Império do Sol na Terra (URSS), o Sol continua de pé e aconselha-se porque quando nasce é mesmo sem sombra de dúvidas para todos. Os lamentos da falta de programa da esquerda, têm igual fundamento para a direita e suas bases sempre prontas a defender os preconceitos e ferocidades da sua equipa programática. As pessoas põem de lado cada vez mais as crenças e entram avantajadamente no jugo do teatro entre pares e entre regiões. As mãos do rei definiram alguns símbolos do poder, mas como se sabe, gerir não é ser de esquerda, ou direita. Mas a legitimação do poder político, passa por haver uma cadeia de aceitação-promessas, de que quase eu só me lembro do sound bite.
O capitalismo continua saudável, porque nunca o foi, mas as pessoas sempre aceitaram viver assim. O valor que as coisas podem ter, quase sempre pode ser previsto ou acordado, mas no mercado a lei da oferta-procura, determina tudo pela regra da identidade do concurso de beleza. O que é que o outro quer, ou está disposto a dar-me, por isto que para mim vale X?
Não é o capitalismo que cria o valor, como não é o bem, ou mal que precisa das certezas da ordem. A realidade sempre venceu todas as ideologias, cartilhas e bons costumes, porque algumas falam melhor de si, do que da realidade (De Gênio e Louco Todo Mundo Tem um Pouco). A economia e muitas outras disciplinas estão dominadas pelo equilíbrio, mas na economia o equilíbrio é formado pela coexistência de acordo de preços entre as partes envolvidas dos produtos solução de problemas e pela procura de soluções de problemas, mas ninguém sabe como se chega aí, nem nos mercados de acções (preços de títulos), porque quem tenta balancear faz parte ele próprio do balancé. O incentivo primordial que existe é o lucro e só logo a seguir o equilíbrio. Em que modos existe equilíbrio: quando o príncipe financia o circo dos pobres e a caridade dos abonados, com o que lhes exige em géneros ao mesmo tempo; como a IURD financia a virtude dos que querem "sem querer" o espírito, etc
Bem de uma coisa é preciso ter a certeza, o equilíbrio não é próprio de sujeitos (um cego a guiar outro cego, mas há sempre um que acaba por ver mais do que o outro e lá se safam), porque não são os objectos que criam uma situação de enriquecimento, ou de empobrecimento. E se há cegos, outros há, que precisam que outros permaneçam hibernados na escuridão e aí não há mais sujeitos, mas mecanismos que se explicam pelos "hard cool numbers". Mas há quem combata os números pelo surrealismo (troca de papéis), pela reflexividade (idiotizar) e raramente pelo paradoxo (função reguladora).
"Sempre há um pouco de loucura no amor, porém sempre há um pouco de razão na loucura" - F. Nietzshe
Baruch Spinoza termina a sua "Ética": "todas as coisas dignas de atenção são tão difíceis quanto raras".