terça-feira, 4 de outubro de 2011

A obesidade da cabeça

Hoje somos inundados com cheias de palavras encantadoras que enchem de valor o que por si só seriam árvores, não, ervas do campo com radículas pouco profundas, que ajudam a fixar à terra, para que numa posição certa recebam a luz do sol e a sombra de quem se ergueu mais alto com a seiva de quem tem de ser alto. O verde e a novidade constante, do que tem força motriz esconde a pungência no desbravar subterrâneo pela procura de um motivo mais forte de erguimento, a modos que se for o que pertence às individualidades, estas irão explorar o solo e passado alguns movimentos e transtornos da actividade diurna poderão eventualmente devolver muito mais do que troco. Irrompem cada vez mais, infinitésima a infinitésima de camada de luz, trepam naquilo que me é possível ver, como se de verdade uma antologia se tratasse, mas não sei se não haverá na manutenção dessa procura de altura um pacto secreto ao nível do subsolo e da divina escadaria. Existem muitas possibilidades, aquelas que eu reflectidamente escolho e aquelas que passam ao lado do meu canteiro, mas por não me querer fazer súbdito dessa exígua e relativa parte de terra, julgo que deva haver árvores que pela sombra e o prazer da gula da vertigem consigam cativar para próximo de si uns bons centos de vegetação. O torpor vegetal é uma constante de quem vegeta, não da vida, porque a vida não se conforma com coisificação, com esquemas mirabolantes de um qualquer toque de Midas, em que de repente se transmuta um ente para os desejos e estatura de quem nos explora, não se sabendo o quanto em tombo somos todos explorados. Não sei o que de bom possa ter, exercer, para cada individualidade essa coisa disfarçada de razão, quando não passa apenas de força, uma força com origem apenas no querer deixarmos de ser aquilo que somos e o caminho mais curto é sempre o de onde houver mais força tanto a montante como a jusante.
As árvores, são como as palavras, não têm culpa, do quanto mais é reprimida uma parte da vida, mais importante essa mesma parte se torna. Se alguém diz: não te ergas, não tenhas importância ; é porque te quer junto a ele, ou a que procures outro a quem te juntares. Não é pelas palavras pertencerem a uma comunidade que elas se valorizam, nem as árvores a exigirem conteúdo das ervas e restante vegetação. Tenho em querer, que existem esquemas Ponzi algures na floresta, e se não for isso, um só eucalipto pode acabar com os eucaliptozinhos à sua volta, uma demonstração de poderio mais justa acima da Terra, mas muito injusta para quem tem de partilhar o Solo. As palavras têm um solo, uma corrente freática, um lugar de rocha e por vezes podem ajudar a sugerir-nos um mais além, inatingível, como essa viagem ao centro da Terra já imaginada por um autor esclarecido.

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