A razão pela razão era o sonho de todos os homens que pretendiam continuar a ver o mundo como os primeiros mecanicistas, um ser repleto de um sem fim de geringonças, que todas elas seriam capazes de em conjunto com o desejo de um criador, conseguirem cumprir com o desejo manifestado no plano em papel, quando muito, se o houvesse. A procura de separar visões de conjunto, das pequenas mostras frágeis do prenúncio de um princípio de comportamento final foi sempre um objectivo, muito concreto e por isso bem estabelecido através da história, desde a intenção manifesta da procura dos primeiros elementos constituintes da matéria permanente, que nos era apresentada através dos nossos sentidos, como pelo observar dessa mesma matéria num tempo que também tem perspectiva de conjunto. O tempo e a matéria vivem cada um do outro, e pode-se dizer, mesmo que o homem seja feito dessas duas coisas, só elas subsistem, ou seja, o homem é uma parte daquilo que subsiste a todas as mudanças, durante o tempo, em que a matéria é sujeita às suas próprias transformações, pois a matéria é a única coisa palpável neste mundo, que de tão complicado, sempre precisou de saciar a nossa falta de sentido para a vida, projectando por um processo inerentemente psicofísico, essa falta na nossa mente, nas formas mais ausentes de definição, quer seja pelos Deuses religiosos, quer pela nossa desejada capacidade intelectual de compreender o mundo para além do sensorial.
Na aldeia onde todos se conhecem, o sistema de trocas directas e mesmo indirectas funciona “às mil maravilhas”, pois há contacto visual com os produtos, conhecem-se os produtores e métodos de produção e ainda existe o fulcral dos mercados que é a valorização das coisas, quer tendo em conta a tradição, quer o ocasional, que parecendo que não, é o que é menos esporádico. O mundo completo para mim, já chega à conta de um país, e não há país que se baste, sem uma crise económica, que não seja provocada sem passar ao lado do natural emprego dessa nossa capacidade, também desejada, de valorizar as coisas num mercado. Esse agora é-nos apresentado a uma escala muito maior, e por isso mesmo, com um maior número de relações entre participantes e de informação trocada, mais uma vez, é preciso realçar que essa liberdade é fulcral pois cria redundâncias importantes, uma das razões deveras das pessoas se juntarem é para combaterem entre si os excessos. Quais excessos? - procuram abruptamente, cada um de nós, que acabou de ler a frase anterior. O excesso principal é acharmos que o comportamento de grupo que caracteriza a maioria da população, sirva para desculpar o individualismo serôdio da minoria, que também é bastante unida na altura de ludibriarem-se entre si, fazendo de conta, que têm um comportamento de bando diferente do da maioria do povo. Já todos estamos familiarizados com fórmulas da colonização, da dialéctica, mas há um outro excesso, que é traduzi-las, por carradas de palavras que dão más parábolas, pois no fim, tanta hegemonia vai dar na continua e permanente busca de ir além do povo, só que surge daí, uma bizarria de todos os tempos, uma permanente luta de ganhos simétricos, tudo para se realçarem entre si, permanecendo tudo na mesma, um esforço, diria inglório. Os excessos simbólicos, são o resultado dos excessos das pessoas, hoje fala-se de preços, de taxas de câmbios, e o que continuam a ser isso senão formas de impor dialécticas senhor-escravo, os países sem qualquer respeito pelos seres humanos, agradam a novos senhores, colocando trabalhadores contra trabalhadores, retirando dessa luta uma mais valia que irá sustentar até quem é pago para defender os trabalhadores do mundo desenvolvido, e como a todo absurdo nunca falta companhia, há ainda aqueles que dizem que os senhores estritamente financeiros estão a tirar da miséria os povos que nem dela teriam dado conta, se não os tivessem achado estes novos mercadores do tempo do telex, fax e do click da internet. Ontem explorámos pelo trabalho infantil ou pela poluição do ambiente, e cada vez mais ganhámos consciência que defendendo o contrário dessas situações, poderíamos sustentar os preços do bem adquirido, relativo a esses custos, pois é, um mínimo de decência, que dinheiro algum, por vontade de o ganhar, ao ritmo dos relógios será capaz jamais de ultrapassar o ritmo do mundo do desenvolvimento material mais avançado, que são as indústrias que a sério gastam dinheiro em investigação e desenvolvimento, deixando as coisas dos princípios, e muito bem, para os locais de culto para isso mesmo, que são as universidades.
Já há tempo demais que sabemos o quanto devemos, de querermos pôr a nossa razão atrás de quem nos a hipoteca.