Num mundo que não se envergonha
da própria natureza, a especialização na economia espelha bem essa verdade
iniludível. Não se trata propriamente do espelho da consciência, que tudo
organiza em parecenças e esquisitices, mas da existência de múltiplos espelhos
delimitados, cada um adequado conforme a vontade de cada autor e da forma como
pretende subsistir, agradando através do seu trabalho, aos elementos da
comunidade que estiverem dispostos a pagar por esse feito.
O espelho ideal não existe, nem
nos livros imaginados, nem na obra física que os permite escrever; o que há é
um espelho organizado como obra colectiva que pretende ultrapassar as
limitações individuais e sublevar a frecha de espelho ideal, preparada através
de medições intuitivas, que de relance nos levam a querer um caminho em relação
a outro, não se sabendo as contra-indicações que essa intenção subtil acarreta.
Não basta dizer que
especializando todos os trabalhadores, com as suas profissões, a produção
global a nível de vazão aumenta; como a fabricação se tratasse sempre de uma
linha de montagem (lembrando o exemplo da fábrica de alfinetes, dado por Adam
Smith, na sua obra a “A Riqueza das Nações”). Que se saiba ainda ninguém
inventou outra pessoa que pense por nós e que nos deixe entregue em paz aos
devaneios de cada profissão, ora ninguém passou a ser acéfalo, nem deixou de
obedecer a padrões de comportamento que regem a organização comunitária, sendo
os mais conhecidos: o estado de direito e o seu subjacente, o mercado.
Claro que, onde quer que se fale
de especialização e se omita qualquer rastro de custos de oportunidade (mesmo
que sejam só por sua vontade) é caso para dizer, que não se pode levar a sério
quem se propôs a ponderar os pontos a favor e contra da especialização (bases
de influência, na forma de preços e legislação).
Sem comentários:
Enviar um comentário