domingo, 22 de novembro de 2009
Nenhum livro substitui um homem, nenhuma teoria substitui a experiência...
“O que é o eu? Um homem que se põe à janela para ver os passantes, se eu estiver passando, posso dizer que se pôs á janela para ver-me? Quem gosta de uma pessoa por causa de sua beleza, gostará dela? Não, pois a varíola, que tirará a beleza sem matar a pessoa, fará que não goste mais; e, quando se gosta de mim por meu juízo (por minha inteligência), ou por minha memória (capacidade de memorizar), gosta-se de mim? Não; pois posso perder essas qualidades sem me perder. Onde está, pois, esse eu, se não se encontra no corpo nem na alma? E como amar o corpo ou a alma, senão por essas qualidades, que não são o que faz o eu, de vez que são perecíveis? Com efeito, amaríamos a substância da alma de uma pessoa abstratamente, e algumas qualidades que nela existissem? Isso não é possível, e seria injusto. Portanto, não amamos nunca a pessoa, mas somente as qualidades. / Que não se zombe mais, pois, dos que se fazem homenagear por seus cargos e funções, porquanto só se ama alguém por qualidades de empréstimo” (Pascal, Pensamentos, Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 121).
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